Um nicaraguense, sob o regime de Daniel Ortega, está se tornando um centro de espionagem na América Latina, utilizando tecnologia russa para monitorar opositores e embaixadas. Uma base militar em Mokorón, ao sul de Manágua, abriga sistemas sofisticados de vigilância que têm sido usados tanto para interesses do Kremlin quanto para reprimir dissidências internas.
De acordo com o jornal Nicaraguense Confidencial , a instalação militar é protegida pelo Exército da Nicarágua e conta com a Direção de Inteligência e Contrainteligência Militar (DICIM). Os sistemas de espionagem, desenvolvidos pela Rússia, incluem um sistema avançado de radiogoniometria, que permite localizar sinais de comunicação, e o software SORM-3, que intercepta e monitora comunicações eletrônicas.
O regime de Ortega justifica o uso dessas tecnologias como uma medida de segurança contra ameaças externas e internas. No entanto, fontes anônimas revelaram que a vigilância é direcionada principalmente a opositores políticos e embaixadas, especialmente os Estados Unidos. A DICIM opera sob a supervisão de oficiais russos, enquanto os militares nicaraguenses desempenham funções de apoio.
A base militar em Mokorón, cercada por altos muros e fortemente armada, foi escolhida estrategicamente por sua localização elevada, facilitando a transferência de dados via satélite. Imagens de satélite mostram diversas antenas parabólicas, projetadas para otimizar a comunicação e a coleta de informações.
O SORM-3, um sistema desenvolvido para o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), permite uma vigilância abrangente sobre qualquer indivíduo no país, incluindo a interceptação de telefonemas, mensagens de texto e transações financeiras. Embora a utilização desse sistema exija autorização judicial, a independência do Judiciário na Nicarágua é amplamente questionada, dado o controle do regime sobre as instituições.
A presença russa na Nicarágua tem crescido desde as manifestações de 2018 contra o governo de Ortega. Relatos indicam que o regime de Putin treinou forças de segurança nicaraguenses em técnicas de repressão e espionagem, ampliando a capacidade do governo de controlar e intimidar dissidentes.
Douglas Farah, especialista em segurança nacional, destacou o interesse estratégico da Rússia na base de Mokorón. Ele afirma que a localização oferece uma posição vantajosa para monitorar atividades, inclusive nos Estados Unidos, e que uma base serve para vigiar embaixadas e opositores, utilizando equipamentos de alta tecnologia.
A colaboração crescente entre a Nicarágua e a Rússia levanta preocupações sobre a erosão das liberdades civis no país e a intensificação da repressão a qualquer forma de dissidência. A situação na Nicarágua continua a ser um ponto de atenção para a comunidade internacional, que observa como preocupação o fortalecimento do regime de Ortega por meio de alianças com potências autoritárias.